Ecoturismo e Tipologias Afins


Para efeito do planejamento e organização dos atrativos e produtos turísticos capazes de motivar o deslocamento de pessoas a fim de conhecê-los, não significa que os mesmos só possam contemplar atividades relacionadas a um segmento de oferta ou de demanda.

Isso por que, entre diversas interpretações e definições para o ecoturismo, a conceituação estabelecida pela Política Nacional de Ecoturismo esclarece tratar-se de “um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentivando sua conservação e buscando a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente”.

Este conceito compreende o Ecoturismo como atividades práticas capazes de promover a reflexão e a integração homem e ambiente, em uma inter-relação vivencial com o ecossistema, com os costumes e a história local, visando o envolvimento do turista nas questões relacionadas à conservação dos recursos que se constituem patrimônio, caracterizando-se pelo contato com ambientes naturais, pela realização de atividades que possam proporcionar o conhecimento da natureza pela proteção das áreas onde ocorre (Ministério do Turismo, 2008).

Estabelecendo-se sobre o tripé: interpretação, conservação e sustentabilidade, o ecoturismo pode ser entendido como toda e qualquer atividade turística baseada na relação sustentável com a natureza, comprometida com a conservação e a educação ambiental.

Assim, existem diferentes níveis e formas de relação dos segmentos turísticos, sejam eles ligados às atividades oferecidas ou ao local onde se realiza.

O Ecoturismo se diversifica numa gama de atividades (de aventura, culturais, técnico-científicas, rurais, pedagógicas e outras) que, embora possam caracterizar outros tipos de turismo, podem também ser ofertadas em produtos e roteiros desse segmento, desde que cumpram as premissas, os comportamentos e as atitudes estabelecidas para o ecoturismo. (ICE, 2011)


 
Por isso, as atividades de ecoturismo podem ocorrer no contexto de outros segmentos, agregando-lhes atratividade e valor adicional ao produto. Esclarecendo melhor as tipologias afins do ecoturismo, devemos tomar como orientação inicial as características essenciais do ecoturismo, fundamentadas nas atividades de observação e contemplação da natureza, citadas anteriomente. Considerando o conceito central do ecoturismo e suas características fundamentais, e com a função principal de agregar valor aos produtos e diversificar a oferta, apresentando ao consumidor oportunidades de experiências diferenciadas, um produto ecoturístico pode reputa-se a outros tipos de turismos que possam ser ofertados ao mercado, com qualidade, segurança e respeito ao ambiente e às comunidades, desde que sejam mantidas as características do segmento principal, imprimindo identidade ao produto comercializado.

Com vistas na interpretação dos produtos, roteiros produzidos e indicações potenciais utilizados pelos estudos de formatação de roteiros de PEIC Mata Atlântica[1], relacionam abaixo as tipologias afins e seus respectivos conceitos e atividades, identificadas nos estudos do referido trabalho.

 TIPOLOGIA
CONCEITO
ATIVIDADES



AVENTURA
Movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo.
Caminhadas (de curta e longa distancia), Montanhismo
Cicloturismo, Rapel, Escalada
Canionismo, Cachoeirismo
Fora-de-estrada, Boia-cross
Canoagem, Mergulho, Rafting,
Parapente.



CULTURAL
Compreende as ativida­dês turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos even­tos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
Visitas aos sítios históricos, sítios arqueológicos, manifestações populares, comunidades tradicionais.




ESTUDOS E INTERCAMBIO
Constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendiza­gem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desen­volvimento pessoal e profissional.
Visitas técnicas nas Unidades de Conservação, Fazendas experimentais e Projetos técnico-científicos.



RURAL
Conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecu­ária, agregando valor a produtos e servi­ços, resgatando e promovendo o patrimô­nio cultural e natural da comunidade.
Agroturismo, Gastronomia típica, Artesanato, Agroecologia.

Fonte: ICE, 2011

A associação entre as atividades de ecoturismo e turismo de aventura já são amplamente aceitas pelo mercado turístico nacional, desde que sejam respeitados os princípios estabelecidos pelo o ecoturismo.

No âmbito do turismo cultural, destacam-se ainda os deslocamentos para fins religiosos, místicos e esotéricos, e de visitação a determinados grupos étnicos e atrativos cívicos,  podendo constituir outros segmentos (subtipos) para fins específicos: turismo cívico, turismo religioso, turismo místico e esotérico, turismo étnico, turismo gastronômico, entre outros.

O que constitui essencialmente as atividades concentradas sobre a ótica conceitual do turismo de estudos e intercâmbio, são as visitas técnicas de cunho educacional direcionado às áreas legalmente protegidas, aos sítios históricos, às comunidades tradicionais e aos projetos científicos regulamentados, onde se adota também a sub-tipologia de turismo pedagógico, direcionado a grupos de estudantes do ensino médio e fundamental (maiores de 12 anos), ensino superior e pós-graduação. (ICE, 2011)

Considerado uma derivação do turismo rural, o termo agroturismo é amplamente adotado no Espírito Santo, compreendendo as atividades turísticas internas à propriedade, que geram ocupações complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade, em menor ou maior intensidade.

Os estudos do PEIC Mata Atlântica definiram os seguimentos de mercado apresentados em cada região turística dos Corredores Ecológicos do Espírito Santo, fundamentada em qual demanda turística cada região ou zona turística pretende atender, servindo como subsídio para ações futuras direcionadas aos esforços de promoção e comercialização. (ICE, 2011)


[1] Plano de Estruturação e Implementação do Ecoturismo no CCMA/ES (Corredor Central da Mata Atlântica do Estado do Espírito Santo), executado pelo ICE - Instituto Capixaba de Ecoturismo, durante os anos de 2009. 2010 e 2011. Este trabalho identificou e avaliou milhares de atrativos ecoturísticos potenciais que resultou na elaboração de uma serie de roteiros ecoturísticos, utilizando as tipologias associadas, concebidos através de bases teóricas da OMT (Organização Mundial do Turismo), os marcos conceituais do Ministério do Turismo e orientações e estudos complementares indicados por órgãos e entidades reguladoras do setor turístico nacional. Mais informações: http://www.peicmataatlantica.blogspot.com.